Na constipação e afins vive um bicho chamado Espirro.
O Espirro é altamente incomodativo, de vez em quando lembra-se de gerar contracções involuntárias no rosto até finalmente se fazer ouvir.
O Espirro instala-se, é o típico amigo de copos e poucas conversas.
Muitos de nós chamamos o Espirro em situações de profunda comichão no orgão olfactivo.
A Sra. Dra. Felicidade veste-se, prepara a maquilhagem, pinta os lábios de vermelho e, aquando do seu desfile pelas ruas da cidade, um aroma a Chanel Nº5 é largado no ar.
(Vejam agora isto em câmara lenta)
Automaticamente, os olhos encolhem, a comichão invade as fossas nasais, morde-se a língua, na esperança de nada sair, mas a boca inicia já o seu processo convulsivo e autónomo de abertura dos maxilares e, um sonoro grito, vindo das profundezas dos nossos pulmões sai. Com ele, saem todos os filhos e seus descendentes.
A mãe de Espirro geralmente acorda na Primavera.
As flores nascem, o sol brilha quente lá no alto, a paixão aquece e, subitamente, eis que, sem aviso, chega! Os pulmões começam a inchar, o corpo amolece, os olhos semicerrados começam a pesar e a sensação de se fumarem 500 cigarros invade toda a garganta.
É a Mãe da igualdade entre os homens, ela segue-nos toda a vida, alimenta-nos e morre connosco. Ninguém está imune ao seu poder maternal.
Espirro, submisso e obediente, responde a todos os desejos da Grande Mãe.
Quando ela lhe diz: “Filho, abraçai José Pais. Ele estará sentado a uma mesa com toda família e amigos”. Espirro obedece e, abençoa assim José com o poder da propagação da sua espécie.
A seguir, pouco satisfeito, decide ainda abençoar Edmundo.
Edmundo estava em frente a Cristiana... O tempo parara, os olhares brilhavam, os sorrisos eram partilhados e os cabelos compridos de Cristiana esvoaçavam. Sem aviso, Edmundo deixa sair um sonoro e esganiçado grito.
O filho de Espirro nascera! Aleluia! Aleluia!
Sara Almeida